Gostar de sofrer

Já pararam para reparar em como nós sofremos à toa? Ultimamente, ajustei o foco do meu olhar para esse tema e notei o quanto de energia eu gasto em situações que não merecem sequer alguma consideração. Não somente eu, aposto que você também se preocupa com a gripe que pode pegar, com a ligação que deve receber pela noite e com a meta para entregar.

Alguns tem por personalidade um perfil mais tranquilo; outros acabam por demandar mais tempo e energia nas situações do dia a dia. Contudo, que tal viver o agora e se ocupar com o que ‘tem para hoje’?

Dentro desse cenário, encontrei um texto de Paulo Roberto Gaefke que nos proporciona uma excelente reflexão. Ao ler, veja se você não tem exemplos pessoais para cada situação que ele aponta.

“Sofremos pelo que não temos e, muitas vezes, pelo que acreditamos que era nosso, e na verdade nunca foi.

Sofremos pela incerteza do amanhã que não nos pertence, mas que tentamos controlar.

Sofremos pelas amizades e afinidades que tentamos dominar, possuir sem medidas, e que se afastam de nós.

Sofremos pela doença que podemos ter, pela gripe que pode virar bronquite, e nos abatemos.

Sofremos pelo medo do imponderável, pelo que não podemos medir, pelo que não vemos, mas às vezes, podemos ouvir, e nos trancamos.

Sofremos pelas nossas faltas e nos abatemos com as dificuldades que criamos, e estagnamos.

Por isso, as notas que não tiramos, as provas que não passamos, os amores que não vivemos, o abraço que perdemos, os cadernos amarelados, os cheiros da infância, a velha chupeta guardada ou perdida, são doces lembranças, mas até nelas, sofremos.

Sofremos porque não queremos nada simples, nem simplesmente viver, nem simplesmente amar.

Temos medo de nos entregarmos definitivamente ao amor, medo de sofrer uma dor maior e, por isso, sofremos até pelo que não sabemos.

E hoje, sabendo que o sofrer é uma antecipação da dor que nem sempre viveremos, vou procurar conquistar aquilo que realmente me cabe … e se a dor me visitar vai me encontrar mais forte, porque tenho a exata medida de tudo o que já passei, e sou o fruto maduro dessa árvore chamada vida!”

Percebem que, às vezes, sofremos por algo que nem irá acontecer? Se coisas ‘ruins’ estão para acontecer, um resultado incerto está para sair…até mesmo por coisas boas do passado sofremos por não tê-las mais.

É preciso entender que tudo tem o momento de acontecer em nossas vidas. Se você mantiver uma atitude negativa, você está se autoimpedindo de viver novas e ótimas situações. O que aconteceu lá atrás era condizente com o nível de maturidade e expectativa daquela época; hoje, certamente, você merece algo diferente e, por que não, melhor.

Se desprenda, busque leveza. Aceite e viva. Com tranquilidade escolha não mais gastar energia com aquilo que você não pode mudar. Se já passou, é imutável; se é projeção, é inatingível. Então, que escolha você tem?

Amor, luz e consciência. Sempre.

Cíntia Michepud